sexta-feira, 13 de julho de 2012

AFRICAN LEG - MINEIRO ABSOLUTO!

BALLITO

Acompanhar as etapas do Mundial de Surf na Africa do Sul é um tanto quanto cruel. O fuso horário faz com que as baterias iniciem entre 2 e 4 da manhã por estas bandas. Para piorar, este ano Ballito mal deu as caras e optou-se por fazer a transmissão via youtube, o que acabou não funcionando, travando constantemente, geralmente acusando algum problema e sugerindo que você tentasse mais tarde, com um "desculpe" em letras pequenas no final da mensagem.




Esses problemas adicionados a constante presença de Morpheu fez com que muitas baterias passassem sem conferência e o replay disponível sofria dos mesmos problemas da transmissão ao vivo, travando, hora retornando ao inicio, hora pulando algumas baterias.




Lendo comentários em diferentes sites até consegui saber que Alejo quebrou, Adriano idem, Jordy enlouqueceu, e que vários surf estilo "feijão com arroz" deram certo em cima de surf de verdade, como na eliminação de Pires por Curran (essa eu vi e não entendi), mas o fato é que não é possível falar muito de um campeonato que não se pôde ver muita coisa.



Acho até que fui contagiado pela onda de entusiasmo que tomou conta desses batalhadores do QS com a chance de surfar a mítica J Bay com apenas mais 3 sortudos na agua. Mesmo distribuindo menos pontos e grana a estrela principal e absoluta da perna Africana era J Bay. Neguinho perdia em Ballito e dizia que não estava nem ai porque estava indo conhecer J Bay...Ballito, apesar de ter boas ondas, não chega aos pés de J Bay e o que era para ser a parada principal da perna Africana (etapa Prime, não esqueçamos!), acabou por ser apenas um leve aperitivo do que estava por vir.



Com certeza esta "inversão de valores", essa "democratização" de J Bay, tirou um pouco o foco de alguns atletas, que acabaram desperdiçando uma boa chance de beliscar importantes pontos nas marolas de Ballito. O mesmo digo para aqueles que ficaram no Brasa enquanto rolava o 3 estrelas de El Salvador, primeiro pela chance de fazer uma graninha mesmo que a quantidade de pontos não compense e segundo pela chance de pegar um point break (La Libertad) de qualidade logo antes do 6 estrelas de J Bay. Luel Felipe (e alguns havaianos) provou que era possível fazer as duas etapas.



Quem não perdeu a viagem para Ballito foi Mineiro. Adriano colecionou mais alguns escalpos em Ballito, dentre os quais destaco o do campeão do ano passado, Pat Gudaskas, e o do Porto Riquenho Brian Toth, o primeiro foi escalpelado numa hora horrível do mar, com ondas pequenas e mexidas, proporcionando no máximo duas manobras enquanto que o segundo foi num mar bem mais liso, já com uns tubos rolando, onde Mineiro descolou a maior nota do campeonato (o surfline achou que ele explodiu antes da hora e eu também), terminando em terceiro lugar no Prime com naturalidade.

Tomas Hermes, Alejo Muniz e Alex Ribeiro também aproveitaram bem os pontos extras com um nono lugar para cada um. O atual campeão brasileiro (último da história? pergunto a ABRASP) fez uma bateria de gente grande contra o vice, foi pau a pau, até o surf dos caras estava parecido. Alex acertou um aéreo a lá Marcondes Rocha, mas perdeu para um Nat Young iluminado e Alejo que não caía da prancha nem por decreto, resolveu escorregar justo no afunilamento do campeonato, perdendo para o ex campeão mundial Pro-Jr, Jack Freestone.

 

A vitória ficou com o surf base lip de Glenn Hall, o Benjamim Button (enquanto novo, portanto velho) do surf, em cima do ex-CT Nathaniel Curran. Hall praticamente se garante no CT 2013 com a segunda final em Primes no ano, é o atual 16º do ranking unificado contando apenas com 7 dos 8 resultados possíveis, sendo que 2 deles são "facilmente" trocáveis.

Resultado do Mr. Price Pro Ballito 2012

1 Glenn Hall (Irl)
2 Nathaniel Curran (EUA)
3 Adriano de Souza (Bra)
3 Nat Young (EUA)
5 Travis Logie (Afr)
5 Brian Toth (Pri)
5 Jordy Smith (Afr)
5 Jack Freestone (Aus)


J BAY

Após o PRIME MR PRICE PRO em Ballito a trupe seguiu feliz da vida para o rebaixado evento de J Bay. Para quem não sabe a falta de liquidez da Billabong obrigou ao rebaixamento da etapa do WCT na segunda melhor direita do planeta (muitos juram que Honolua Bay em Maui é melhor). E o rebaixamento não foi de etapa do CT para etapa Prime, foi de CT para 6 estrelas, isso, segundo Jano Belo, é porque há uma regra na ASP que determina que uma etapa seja 6 estrelas ANTES de virar Prime. O que não impediu que alguns caras do CT, até muito bem rankeados, optassem por manter sua visita anual a Jeffreys, caso de Adriano de Souza, Jordy Smith, Alejo Muniz, Adam Melling, Yadin Nicol, CJ Hobgood, Brett Simpo, Travis Logie, Pat Gudauskas e JJ Florence.



O point break confirmou as previsões e bombou nos dias iniciais do evento, pena que os organizadores da prova cometeram uma baita gafe ao não transmitir o primeiro dia de disputas. Repito o que falei quando ocorreu algo similar no CT do RJ. Não fica apenas feio para a etapa, para o patrocinador, mas para a cidade sede da etapa, e principalmente para o esporte em geral. Como explicar para os patrocinadores dos atletas que a grana gasta para o envio do surfista lá receberá menos retorno por uma falha de terceiros? Inadmissível que isso aconteça numa etapa do mundial de surf!

Sendo justo, após esta gafe, o campeonato foi transmitido sem maiores problemas, com uma grata surpresa ao final, com um heats on demand do último dia de disputas.



Outra questão que chamou a atenção em J Bay foi o péssimo hábito dos juizes de soltar grandes notas (nem sempre merecidas) nas primeiras ondas da bateria. Foi o que complicou a vida do Mineiro na fase de 3 atletas e quase estragou sua final, bem como acabou com a espetacular trajetória de Jordy e JJ nas oitavas. Aliás, os locutores já estava até contando com uma sensacional bateria de semi finais entre JJ e Jordy. Os dois magros estavam surfando os cascos na onda de Jeffreys, o havaiano veio passear e mostrar para seu irmão mais novo como estão as coisas no tour, enquanto o sul africano queria o terceiro título consecutivo em sua onda favorita. Ficaram nas oitavas, mas não teve um cidadão que saiu da praia sem um gostinho de "quero ver mais desses dois".



Agora, como bem lembraram alguns letrados em surf nas redes sociais, deu pena ver alguns dos guerreiros do WQS sem saber bem o que fazer no expresso de J Bay. Talvez até pelo fato do evento ser um 6 estrelas, ou seja, OPEN (ou semi Open), alguns inscritos não estavam à altura da onda, lembrando que nos Primes apenas os 100 melhores do ranking participam, enquanto que nas etapas do WCT apenas os 34 melhores correm.

Nem foi questão de falta de talento, ou pregos que invadiram o campeonato, mas a exemplo de outros picos clássicos no planeta, saber ocupar os espaços e oportunidades da onda não é coisa para qualquer um, ainda mais na velocidade que Jeffreys exige.

Do outro lado da mesma moeda foi muito bom perceber como jovens talentos brasileiros se encaixaram bem na onda sul africana. Caras como Ian Gouveia e Filipe Toledo mostraram que as trips internacionais desde cedo, aliado a um DNA privilegiado dão resultado. E que resultado! Velocidade, força, criatividade e faro para tubos. Menções honrosas para Jessé Mendes e Caio Ibeli.



Falando ainda da onda e dos surfistas que sabem doma-la, foi muito legal ver o retorno (ainda em Ballito) do jovem veterano Nathan Hedge, ex finalista de etapa do CT em J Bay, arrancou um dez nesta edição e um par de outras notas altas, o mesmo digo para outro veterano da era "The Search", Frankie Oberholzer, que não perdeu um pingo de sua classe para a idade, e ouvi dizer que é shaper dos bons hoje em dia. 

 

Vale ainda mencionar a excepcional performance do ex-funcionário billabong, Heath Joske. Com um estilo a la Sultan of Speed, honrou o velho Fitzgerald em sua amada J Bay! E por fim, o pro jr português, Vasco Ribeiro, mostrou o que um local de point break pode fazer numa onda dessas, que 10 foi aquele?!? Impressionante! Aliás, 50% dos 4 finalistas eram Europeus! 





O CAMPEÃO

Adriano BRASILEIRO de Souza (Minas já ficou pequena pra ele!) foi o melhor surfista da perna Africana do Mundial de Surf 2012. Simples assim.



Em Ballito ficou em terceiro, mas fez as maiores médias do campeonato e em J Bay, juntamente com Jordy e JJ, mostrava um surf de TOP 3. Surf de borda, variando as manobras conforme a exigência da onda, floaters absurdos voltando no zero sem perder um pingo de velocidade (salve mestre Peterson Rosa!), tubos e mais tubos, rabetadas e alguns aéreos, enfim...aquilo que ele já vem fazendo há uns bons anos. Só não vê quem não quer!



A final ainda foi recheada de emoção. Adriano quebrou uma quilha no final da bateria. Estava atrás do francês Joan Duru (que estava endiabrado de backside). Saiu, trocou de equipamento e tão logo retornou ao outside, vale dizer, num mar já bem mexido pelo vento, achou a onda da virada, já com o tempo se esgotando ao seu desfavor.







Título merecido!

Atualizando: video da Mental Videos sobre a vitória do brasileiro em Jeffreys. 



Resultado do Billabong Pro 2012

1 Adriano de Souza (Bra)
2 Joan Duru (Fra)
3 Ezekiel Lau (Haw)
3 Aritz Aranburu (Esp)
5 Mitchel Coleborn (Aus)
5 Vasco Ribeiro (Por)
5 Patrick Gudauskas (EUA)
5 Dale Staples (Afr)
9 Nathan Yeomans (EUA)
9 Sean Holmes (Afr)
9 Heath Joske (Aus)
9 Lincoln Taylor (Aus)
9 Jordy Smith (Afr)
9 John John Florence (Haw)
9 Maxime Huscenot (Fra)
9 Sebastien Zietz (Haw)
17 Ian Gouveia (Bra)
17 Filipe Toledo (Bra)
35 Caio Ibelli (Bra)
37 Jessé Mendes (Bra)
37 Leo Neves (Bra)
37 Tomas Hermes (Bra)

Um comentário:

  1. Não da pra acreditar que Jbay ficou de fora do CT!!!
    Que mude o patrocinador...

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